Síndrome metabólica na menopausa: risco cresce após 5 anos

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Close-up de mãos beliscando a gordura abdominal, ilustrando o risco de síndrome metabólica na menopausa.

A síndrome metabólica na menopausa é um desafio real, mas manejável. Nesta fase, a queda de estrogênio pode favorecer o acúmulo de gordura visceral, alterar lipídios e glicemia e, com isso, aumentar o risco cardiometabólico.

A boa notícia: há ferramentas simples para rastrear precocemente e estratégias eficazes de cuidado. Esta matéria resume evidências recentes e práticas para que você converse com seu médico com informação e tranquilidade.

O que é síndrome metabólica na menopausa

A síndrome metabólica na menopausa é o conjunto de alterações que, quando ocorrem juntas, elevam o risco de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares. Os critérios mais usados consideram 3 de 5 fatores: pressão arterial elevada, circunferência da cintura aumentada, HDL baixo, glicemia de jejum alta e triglicerídeos elevados.

A transição menopausal traz queda dos níveis de estrogênio, o que favorece a adiposidade visceral. Essa gordura abdominal ativa processos inflamatórios de baixa intensidade, piora a sensibilidade à insulina e impacta pressão e perfil lipídico.

Infográfico sobre síndrome metabólica na menopausa, mostrando aumento do risco após 5 anos, com destaque para WHtR e VAI
Após 5 anos da menopausa, cresce o risco de síndrome metabólica: atenção à cintura, pressão, glicemia e lipídios.

Risco sobe com o tempo: após 5 anos de menopausa

Um estudo com 705 mulheres de 45–60 anos mostrou que quem tinha mais de 5 anos de menopausa apresentou 6,44 vezes mais chance de síndrome metabólica na menopausa, em comparação a 1–5 anos. Nesse grupo com mais tempo desde a menopausa, também houve maior frequência de glicemia de jejum elevada, cintura aumentada, pressão alta e diagnóstico de síndrome metabólica.

Em linguagem simples: o relógio da menopausa importa. Quanto mais tempo depois do último ciclo, maior tende a ser o risco cardiometabólico, especialmente se houver ganho de gordura abdominal.

Quais componentes pioram com mais tempo de menopausa?

  • Glicemia de jejum elevada (44,9% vs 31,4%)
  • Circunferência da cintura aumentada (94,3% vs 87,1%)
  • Pressão arterial elevada (48,7% vs 35,1%)
  • Síndrome metabólica (52,1% vs 38,8%)

Importante: o estudo é transversal (associação ≠ causalidade), mas reforça uma tendência observada em outras pesquisas, conectando tempo de menopausa, gordura visceral e risco cardiometabólico.

Marcadores que enxergam o risco além do IMC

O IMC, sozinho, pode perder nuances. Dois marcadores simples se destacam para rastrear a síndrome metabólica na menopausa:

  • WHtR (relação cintura/altura): valores >0,5 indicam maior risco cardiometabólico. É fácil de calcular em casa: meça a cintura (na altura do umbigo) e divida pela sua altura em centímetros (use as mesmas unidades).
  • VAI (Índice de Adiposidade Visceral): combina dados de cintura, triglicerídeos, HDL e IMC. No estudo, o VAI foi o melhor preditor entre os índices analisados para identificar síndrome metabólica na menopausa.

Dica prática: mantenha sua cintura menor que metade da altura e leve seus exames recentes para o consultório. Seu médico pode calcular o VAI e decidir se vale investigar mais.

Terapia hormonal e pressão arterial: o que sabemos

A terapia hormonal (TH) deve ser individualizada. Em mulheres hipertensas, estudos apontam tendência de redução da pressão arterial com TH transdérmica quando comparada à via oral. Em um conjunto de pesquisas, a via transdérmica esteve associada a quedas médias de −7 mmHg na sistólica e −9 mmHg na diastólica em mulheres na pós-menopausa hipertensas.

Para quem tem hipertensão, a via não oral costuma ser preferida porque evita a primeira passagem hepática, reduzindo impacto no sistema renina‑angiotensina e ajudando a preservar a função endotelial. Decisão sempre compartilhada com seu médico, considerando histórico, riscos e objetivos.

O que você pode fazer hoje

  • Movimente-se: 150–300 min/sem de atividade aeróbica + 2 sessões de força. O treino de força ajuda a preservar massa magra e sensibilidade à insulina.
  • Olho na cintura: monitore a WHtR e discuta com o médico o cálculo do VAI.
  • Coma melhor, sem terrorismo nutricional: priorize fibras, proteínas magras, azeite, castanhas, feijões, frutas e vegetais. Reduza ultraprocessados, açúcar e álcool.
  • Durma e gerencie o estresse: sono ruim e estresse crônico atrapalham glicemia, apetite e pressão arterial.
  • Acompanhamento regular: pressão, cintura, glicemia, HDL e triglicerídeos no radar.

Perguntas para levar ao consultório

  • Meu risco de síndrome metabólica na menopausa é alto? Preciso calcular WHtR e VAI?
  • Quais exames devo repetir neste semestre? E com que intervalo?
  • A terapia hormonal transdérmica é indicada no meu caso? Quais alternativas não hormonais posso considerar?

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Resumo em 30 segundos

  • O risco de síndrome metabólica na menopausa aumenta após 5 anos desde o último ciclo.
  • Gordura visceral é peça central: cuidar da cintura importa mais do que perseguir um número de IMC.
  • WHtR >0,5 acende alerta; VAI é um bom preditor para decisão clínica.
  • TH transdérmica pode ajudar a controlar a pressão em mulheres selecionadas. Avaliação é caso a caso.

Referências

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