Saúde cardiovascular na menopausa: alerta e prevenção

0Shares
Mulher 50+ caminhando ao ar livre, mão no peito em gesto de atenção, destaque para bem‑estar e saúde cardiovascular na menopausa

CURITIBA — No episódio 23 do PodKefi, a médica geriatra Dra. Kamilla Medeiros chamou atenção para um tema pouco discutido e decisivo para a longevidade feminina: saúde cardiovascular na menopausa. A especialista reforçou que as doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte entre mulheres na meia‑idade e pós‑menopausa — um cenário que pede informação de qualidade, diagnóstico oportuno e mudanças consistentes no estilo de vida.

Ouça/assista: PodKefi 23 | Saúde cardiovascular da mulher na menopausa


O que o episódio trouxe

  • Perda da proteção estrogênica após a menopausa acelera alterações vasculares e metabólicas.
  • Sintomas cardíacos em mulheres podem ser atípicos, levando a atrasos no diagnóstico.
  • Estilo de vida, sono e manejo de fatores de risco (PA, colesterol, glicemia) são pilares de prevenção.
  • Terapia hormonal da menopausa (TH) pode ser considerada para sintomas vasomotores dentro da janela de oportunidade (até 10 anos da menopausa ou <60 anos), com avaliação individual de riscos e benefícios.

Por que a saúde cardiovascular na menopausa exige atenção

Com a queda do estrogênio, o organismo perde um efeito cardioprotetor observado na fase reprodutiva. Entre as consequências mais comuns:

  • Rigidez arterial maior, favorecendo elevação da pressão arterial.
  • Redistribuição de gordura para o abdômen (padrão visceral), associada a inflamação crônica de baixo grau e resistência à insulina.
  • Alterações lipídicas (tendência a aumento de LDL e redução de HDL) que, sem controle, elevam o risco de eventos cardiovasculares.

O que isso significa na prática? Mesmo sem sintomas, hipertensão, dislipidemia e pré‑diabetes podem evoluir em silêncio. Consultas regulares e exames simples (PA, perfil lipídico, glicemia/HbA1c) ajudam a identificar riscos cedo.

Leia também: Ganho de peso na menopausa: causas e como reverter


Sintomas atípicos nas mulheres: atenção aos sinais

Diferente do “aperto no peito” clássico, mulheres podem apresentar:

  • Fadiga intensa e incomum (cansaço que não passa)
  • Desconforto em mandíbula, pescoço, costas ou ombro
  • Azia, náusea ou dor epigástrica (parece “estômago”)
  • Falta de ar ou palpitações

Se esses sinais surgirem em repouso ou com esforço leve, procure atendimento — especialmente após os 45–50 anos ou com fatores de risco.

Leia também: Cansaço na menopausa: causas, sinais e o que fazer


Janela terapêutica e terapia hormonal: o que dizem as diretrizes

A Terapia Hormonal (TH) é a mais eficaz para ondas de calor e sintomas geniturinários. Evidências recentes sustentam que iniciar a TH até 10 anos após a menopausa ou antes dos 60 anos tende a apresentar perfil benefício‑risco mais favorável. Contudo:

  • TH não é indicada para prevenir doença cardiovascular.
  • A decisão deve ser individualizada, considerando histórico pessoal/familiar, via de administração e dose.
  • Pessoas fora da janela de oportunidade podem ter maior risco de eventos (ex.: trombose, AVC), especialmente com formulações orais.

Converse com sua médica(o) sobre sintomas, riscos e alternativas — incluindo manejo de pressão, colesterol, glicemia e peso.


Pilares do estilo de vida que protegem o coração

1. Alimentação prática e possível

  • Comida de verdade no dia a dia (legumes, frutas, grãos, feijões)
  • Menos ultraprocessados, açúcar e bebidas açucaradas
  • Sal com parcimônia e gorduras de melhor perfil (azeite, oleaginosas)
  • Porções moderadas: “um pouco menos do que eu desejo” pode ajudar no peso e na glicemia

2. Movimento que cabe na rotina

  • Caminhada e atividades aeróbias regulares para circulação e gordura abdominal
  • Treino de força 2–3x/semana para massa muscular e sensibilidade à insulina

3. Sono reparador

  • Priorize rotina do sono; investigue insônia e apneia (forte associada a risco cardiovascular)

4. Tóxicos: reduzir ou parar

  • Cigarro: parar reduz risco em poucos anos
  • Álcool: quanto menos, melhor para cérebro e coração

5. Emoções e relações

  • Técnicas de respiração/meditação, terapia e rede de apoio reduzem estresse crônico

Leia também: Dieta vegana na menopausa: como equilibrar a nutrição


Quando procurar avaliação

  • Medidas domiciliares/consultório mostram pressão ≥ 140/90 mmHg de forma persistente
  • Colesterol LDL elevado ou triglicérides alterados
  • Glicemia de jejum ≥ 100 mg/dL ou HbA1c ≥ 5,7%
  • Ganho de peso abdominal rápido, apneia do sono suspeita, ou sintomas atípicos descritos acima

Assista ao episódio completo

A conversa com a Dra. Kamilla Medeiros está disponível no nosso canal: PodKefi 23 | Saúde cardiovascular da mulher na menopausa

0Shares

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *