Você sabia que milhões de mulheres enfrentam a menopausa em países pobres sem informações claras, apoio adequado ou tratamentos? Uma revisão científica publicada recentemente na revista Climacteric mostra que, em nações de baixa e média renda, a experiência da menopausa é marcada por desafios que ainda recebem pouca atenção de políticas públicas e da sociedade.
O estudo analisou mais de 250 pesquisas realizadas entre 2000 e 2024, abrangendo 41 países classificados como de baixa e média renda. O objetivo foi mapear o conhecimento sobre a menopausa em países pobres. E identificar sintomas mais comuns e avaliar como as mulheres estão sendo atendidas nesses contextos. Os resultados revelam uma dura realidade, mas também apontam caminhos possíveis para transformar o cuidado com a saúde da mulher no mundo todo.
O que o novo estudo revela sobre a menopausa em países pobres
Segundo os pesquisadores, existe uma grande lacuna de informações de qualidade sobre a menopausa em países pobres. A maioria dos estudos é feita com pequenos grupos, geralmente sem representatividade nacional. Países como Índia, Irã, Turquia e China concentram o maior número de publicações, enquanto regiões da África Subsaariana e parte da América Latina permanecem pouco pesquisadas.
A idade média da menopausa em países pobres varia entre 44 e 45 anos — um pouco menor do que a média observada em países desenvolvidos. Mesmo assim, faltam dados consistentes sobre fatores que influenciam esse número, como condições socioeconômicas, acesso à saúde e estilo de vida.
Sintomas comuns, mas pouco reconhecidos
Engana-se quem pensa que mulheres vivendo a menopausa em países pobres sofrem menos com os sintomas. O levantamento mostra que fogachos (ondas de calor), dores articulares, insônia, mudanças de humor e baixa libido são tão frequentes quanto em países ricos.
O grande desafio é reconhecer esses sintomas como parte da menopausa. Muitas mulheres não fazem essa relação e acabam não buscando ajuda. Em países como Paquistão e Nigéria, mais de 50% das mulheres não sabem explicar por que pararam de menstruar. Muito menos sabem formas seguras de tratar os sintomas.
Desinformação, estigma e barreiras culturais
A menopausa em países pobres ainda é um assunto envolto em silêncio e tabu. Falar sobre o fim da menstruação, sexualidade ou sintomas é um tema proibido em muitas culturas. Isso faz com que as mulheres sintam vergonha ou medo de buscar apoio médico, receando serem julgadas ou ignoradas.
A falta de preparo também se estende aos profissionais de saúde. Boa parte deles não recebe formação adequada para orientar mulheres sobre a menopausa em países pobres, perpetuando mitos e tratamentos inadequados.
Pouco acesso a tratamentos e uso de remédios caseiros
Quando procuram ajuda, muitas mulheres enfrentam sistemas de saúde frágeis, sem protocolos claros, profissionais capacitados ou acesso à terapia hormonal — ainda vista com receio e rodeada de desinformação. Menos de 5% das mulheres entrevistadas conheciam a terapia hormonal, e seu uso era mínimo.
Na maioria das vezes, a alternativa encontrada são remédios caseiros ou práticas tradicionais, sem comprovação científica. Embora possam aliviar sintomas leves, não substituem tratamentos baseados em evidências — e podem retardar o diagnóstico de outras doenças.
Menopausa em países pobres: o que pode mudar?
Os autores do estudo reforçam a urgência de incluir a menopausa em países pobres nas políticas públicas de saúde. Isso significa investir na formação de profissionais de saúde, desenvolver campanhas de conscientização voltadas para mulheres 40+, ampliar o acesso a diagnósticos, exames e terapias baseadas em evidências.
Além disso, é essencial promover espaços seguros de diálogo, acolher dúvidas e quebrar o estigma cultural. Informação de qualidade é uma forma poderosa de garantir que nenhuma mulher atravesse a menopausa sozinha — seja no Brasil, na Nigéria ou no Paquistão.
Para lembrar: informação também é cuidado
A menopausa é uma fase natural, e toda mulher merece vivê-la com dignidade, apoio e acesso à informação segura. Cada avanço em políticas públicas, educação e acolhimento faz diferença para que mais mulheres, em qualquer lugar do mundo, tenham direito ao cuidado que merecem.
💡 Veja também:
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Fonte: Islam, R. M. et al. (2025). Menopause in low and middle-income countries: a scoping review of knowledge, symptoms and management. Climacteric, 28(3), 242–279.