Endometriose e menopausa: o que muda após os 40?

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Endometriose e menopausa: médica aponta, com caneta, regiões do útero e ovários em um modelo anatômico durante explicação.

A transição para a menopausa traz muitas dúvidas — e, se você conviveu com endometriose, é natural se perguntar o que acontece depois dos 45–50 anos. Endometriose e menopausa nem sempre significam “fim definitivo da dor”. Lesões podem persistir, recidivar e, em raros casos, surgir após a menopausa. A boa notícia: há caminhos seguros para aliviar sintomas e cuidar do futuro com informação.

Neste guia, explicamos — com base em estudos recentes — como a endometriose se comporta no climatério e na pós-menopausa, quais sintomas observar, se a menopausa pode acontecer mais cedo, e os riscos e benefícios no longo prazo, incluindo a discussão sobre terapia hormonal.

Aviso importante: Este conteúdo é informativo e não substitui consulta médica. Procure um(a) ginecologista para avaliação individualizada.


Endometriose e menopausa: um panorama rápido

  • Não “some” automaticamente. A queda de estrogênio costuma aliviar, mas não garante remissão completa. Há produção local de hormônios em algumas lesões.
  • Pode existir na pós-menopausa. Prevalência estimada em ~2–5%, com casos mais comuns nos ovários, mas também em bexiga e intestino.
  • Sintomas podem mudar. Dor pélvica, massas ovarianas, desconfortos intestinais/urinários; às vezes há suspeita inicial de tumor e a investigação precisa ser criteriosa.
  • Menopausa mais cedo? O risco de menopausa cirúrgica é maior em quem teve endometriose; a idade da menopausa (natural e cirúrgica) pode ser discretamente menor.
  • Terapia hormonal (MHT). Pode ser usada em casos selecionados; costuma-se preferir esquemas combinados (estrogênio + progestagênio) ou tibolona, com seguimento próximo.

Endometriose e menopausa: sintomas ainda podem aparecer?

A oscilação hormonal do climatério reduz a atividade de muitos focos da endometriose. Ainda assim, algumas mulheres relatam dor pélvica persistente, sensação de pressão, alteração do hábito intestinal (prisão de ventre, dor ao evacuar) ou sintomas urinários (urgência, dor ao urinar). Na pós-menopausa, cistos/ massas ovarianas exigem atenção — nem toda massa é maligna, mas toda massa suspeita deve ser investigada com ultrassom transvaginal e, quando necessário, ressonância e avaliação cirúrgica.

Sinais de alerta para procurar o(a) médico(a):

  • Dor pélvica nova ou progressiva na pós-menopausa.
  • Sangramento vaginal pós-menopausa.
  • Massa anexial/cística detectada em exame de imagem.
  • Perda de peso não intencional, alteração persistente do intestino ou urina.

Diagnóstico: a confirmação definitiva ainda é cirúrgica com biópsia, quando indicada. Não há marcador de sangue que “resolva” sozinho.


Endometriose e menopausa: a menopausa pode chegar mais cedo?

A resposta curta: pode, especialmente por via cirúrgica. Estudos recentes indicam que mulheres com histórico de endometriose têm risco maior de menopausa cirúrgica e que, quando isso acontece, ocorre mais cedo do que em mulheres sem endometriose. Mesmo entre as que chegam à menopausa natural, a idade média pode ser discretamente menor.

Por que isso pode acontecer?

  • Cirurgias ovarianas (ex.: endometriomas) podem reduzir a reserva ovariana.
  • O conteúdo inflamatório dos endometriomas pode afetar o tecido ovariano saudável.

O que considerar: se você está no climatério e tem indicação de cirurgia, converse sobre técnicas que preservem o ovário sempre que possível e sobre o impacto potencial na idade da menopausa.


Endometriose e menopausa: riscos e benefícios no longo prazo

Benefícios possíveis

  • Alívio de dor e desconforto pela redução estrogênica, sobretudo após a menopausa.
  • Queda da inflamação em parte dos focos — o que facilita o manejo clínico.

Riscos que merecem vigilância

  • Transformação maligna é rara, mas massas novas/suspeitas pedem investigação. Em casos sintomáticos ou duvidosos, a cirurgia pode ser diagnóstica e terapêutica.
  • Ossos e coração: menopausa mais cedo (especialmente se cirúrgica) pode aumentar risco de osteoporose e doença cardiovascular ao longo da vida. Planeje prevenção (cálcio, vitamina D, exercício de força, cessar tabagismo, controle de pressão/colesterol).

Endometriose e menopausa: posso fazer terapia hormonal?

A terapia hormonal é uma aliada para fogachos, distúrbios do sono e saúde urogenital — mas em quem tem histórico de endometriose, a decisão deve ser individualizada.

Pontos-chave para discutir na consulta:

  • Indicação e intensidade dos sintomas: os benefícios superam os riscos?
  • Esquema preferido: em geral, estrogênio + progestagênio contínuo ou tibolona quando não há contraindicações — opções que reduzem o estímulo a possíveis focos residuais.
  • Estrogênio isolado costuma ser evitado em quem tem útero e histórico de endometriose.
  • Monitorização: consultas regulares; reavaliar se surgirem dor nova ou massa pélvica.

Alternativas não hormonais: lubrificantes/ hidratantes vaginais, ISRS/SNRI em casos selecionados para fogachos, mudanças de estilo de vida (sono, exercício, alimentação anti-inflamatória), fisioterapia pélvica e abordagem da dor crônica.


Endometriose e menopausa: quando procurar ajuda e como se cuidar

  • Dor pélvica persistente ou que piora.
  • Massa/ cisto detectado em exames.
  • Sintomas urinários/ intestinais que não melhoram.
  • Planejamento de MHT: antes de começar (ou ajustar) a terapia.

Autocuidado que ajuda no dia a dia:

  • Exercícios de força 2–3x/semana para proteger ossos e modular dor.
  • Sono e estresse: higiene do sono, respiração, terapia cognitivo‑comportamental.
  • Alimentação com foco em frutas, verduras, fibras e proteínas; limitar ultraprocessados.
  • Apoio multiprofissional: ginecologia, coloprocto/uro, nutrição, fisioterapia pélvica e dor crônica, conforme necessidade.

Perguntas frequentes (FAQ)

Endometriose “desaparece” na menopausa?

Geralmente melhora, mas nem sempre desaparece. É por isso que sintomas novos na pós-menopausa merecem avaliação.

Quem teve endometriose tem mais chance de menopausa precoce?

maior risco de menopausa cirúrgica e idade discretamente menor da menopausa; converse sobre preservação ovariana em cirurgias.

Posso usar terapia hormonal?

Em muitos casos, sim — com esquemas combinados e acompanhamento. Decisão deve ser compartilhada com sua médica(o).

A endometriose na pós-menopausa é câncer?

Não. Transformação maligna é rara, mas massas novas exigem investigação para excluir outras doenças.


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