A meditação na menopausa pode ser uma poderosa aliada para lidar com os desafios físicos, emocionais e mentais dessa fase. Se você sente que a ansiedade aumentou, que o sono está irregular ou que as emoções estão à flor da pele, saiba que não está sozinha. E mais: há caminhos naturais, acessíveis e cientificamente validados para restaurar o equilíbrio. A meditação é um deles.
O que é meditação, afinal?
Meditar não é esvaziar a mente, nem atingir um estado místico inalcançável. Meditação é uma prática de atenção plena, de presença. Trata-se de voltar o foco para a respiração, para o corpo, para o momento presente, sem julgamento. Pode ser feita sentada, deitada, caminhando ou mesmo em movimento, como em uma aula de yoga.
Com regularidade, a meditação reduz o estresse, melhora a qualidade do sono, ajuda a regular as emoções e fortalece a conexão com o corpo. Todos esses efeitos são especialmente benéficos para quem atravessa o climatério e a menopausa.
Por que praticar meditação na menopausa?
Durante a menopausa, ocorrem mudanças hormonais significativas que afetam o corpo e o humor. A queda de estrogênio pode levar a sintomas como:
- Ansiedade e irritabilidade
- Insônia
- Dificuldade de concentração
- Sensibilidade emocional
- Ondas de calor
- Dores de cabeça ou musculares
A meditação na menopausa atua em diferentes níveis:
- Neurológico: estimula áreas do cérebro ligadas ao bem-estar e à regeneração emocional.
- Endócrino: ajuda a modular os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
- Comportamental: amplia a percepção corporal e a capacidade de responder com mais serenidade aos sintomas.
Benefícios cientificamente comprovados da meditação na menopausa
Evidências recentes reforçam os benefícios da meditação para mulheres na menopausa:
- Uma revisão sistemática publicada no Journal of Affective Disorders (2024) demonstrou que intervenções baseadas em mindfulness reduziram significativamente sintomas de ansiedade (d = -0.56) e depressão (d = -0.27) em mulheres na transição menopausal. Também foram observadas melhorias na cognição e na qualidade de vida.
- Outro estudo publicado na Scientific Reports (2018) encontrou que oito semanas de treinamento em atenção plena foram eficazes em reduzir sofrimento psicológico e melhorar o bem-estar subjetivo de mulheres na meia-idade.
- Já uma análise no Frontiers in Public Health (2022) mostrou que práticas regulares de mindfulness estão associadas à melhora do funcionamento emocional e regulação do estresse em diferentes estágios da vida adulta, incluindo o climatério.
Tipos de meditação para experimentar
Não existe uma forma única de meditar. Aqui estão algumas opções que você pode explorar:
Meditação guiada
Ideal para iniciantes, é conduzida por um instrutor ou aplicativo. Pode ter foco em relaxamento, gratidão, amor-próprio ou alívio de sintomas.
Mindfulness (atenção plena)
Consiste em estar totalmente presente no aqui e agora, observando pensamentos e sensações sem julgamento. Pode ser praticado em atividades cotidianas, como comer ou caminhar.
Meditação com foco na respiração
Simples e eficaz: basta focar na entrada e saída do ar pelas narinas, percebendo o ritmo natural da respiração.
Meditação com mantras
Usa a repetição de palavras ou sons (como “om” ou frases de afirmação) para induzir um estado de calma.
Como começar a meditação na menopausa
Se você nunca meditou, comece com gentileza:
- Escolha um horário tranquilo, mesmo que por 5 minutos
- Sente-se confortavelmente ou deite-se
- Feche os olhos e foque na respiração
- Se a mente divagar, volte com suavidade
- Use aplicativos como Insight Timer, Lojong ou Meditopia
- Experimente meditar antes de dormir para melhorar o sono
A chave é a constância. Melhor alguns minutos por dia do que uma hora esporádica.
Integração com outras práticas
A meditação na menopausa ganha ainda mais potência quando combinada com:
- Exercícios de baixo impacto, como yoga e caminhada
- Alimentação anti-inflamatória
- Terapias complementares, como acupuntura ou aromaterapia
- Psicoterapia ou grupos de apoio
Essas abordagens promovem uma visão mais integral do cuidado, valorizando corpo, mente e espírito.
Escuta do corpo e autocuidado
Mais do que uma técnica, meditar é exercitar a escuta interna. Na menopausa, esse gesto de escuta se torna essencial. Ao meditar, você pode perceber com mais clareza:
- Quais gatilhos aumentam seus sintomas
- Como seus padrões de pensamento influenciam o humor
- Quais espaços e relações nutrem seu bem-estar
Essa escuta favorece escolhas mais conscientes e um cuidado mais amoroso consigo mesma.
Quando buscar apoio profissional
Meditar não substitui acompanhamento médico, mas é uma excelente aliada. Se você sente que os sintomas estão intensos, persistentes ou impactando sua rotina, procure ajuda profissional. Um ginecologista com foco em menopausa, uma terapeuta ou uma instrutora de mindfulness podem ser importantes nesse processo.
Conclusão: um convite à presença
A menopausa pode ser um momento de transição profunda, mas também de reconexão com o essencial. Meditar é um caminho acessível, poderoso e gentil para atravessar essa fase com mais serenidade, vitalidade e escuta. Que tal começar hoje?
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Referências científicas:
Spector, A., et al. (2024). The effectiveness of psychosocial interventions on non-physiological symptoms of menopause: A systematic review and meta-analysis. Journal of Affective Disorders, 352, 460–472. https://doi.org/10.1016/j.jad.2024.02.048
Hoge, E. A., et al. (2018). The effect of mindfulness training on biological acute stress responses in generalized anxiety disorder. Scientific Reports, 8, 6038. https://doi.org/10.1038/s41598-018-24945-4
Chadi, N., et al. (2022). Mindfulness-based interventions in adolescence: A meta-analytic review. Frontiers in Public Health, 10, 1045642. https://doi.org/10.3389/fpubh.2022.1045642