Depressão na menopausa: sinais, apoio e prevenção

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Mulher sentada no chão, próxima à janela, com as mãos na cabeça em sinal de sofrimento — representação da depressão na menopausa.

A depressão na menopausa pode chegar junto das mudanças hormonais e de vida — e isso não é “frescura” nem falta de força. Se você tem sentido o humor instável, desânimo ou pensamentos difíceis, saiba: há explicações, tratamentos e uma rede de apoio disponível 24h.

Falar de depressão na menopausa durante o Setembro Amarelo é um gesto de cuidado consigo e com outras mulheres. Informação certa, acolhimento e ajuda profissional salvam vidas.


O que é depressão na menopausa?

A depressão é um transtorno de saúde mental com sintomas como tristeza persistente, perda de interesse, cansaço, alterações de sono e apetite, dificuldade de concentração e, em alguns casos, pensamentos de morte. Evidências recentes mostram que o risco de sintomas depressivos aumenta durante a perimenopausa (fase de transição) em comparação ao período pré-menopausa, com estimativas em torno de 40% de aumento no risco; esse risco não se mantém da mesma forma após a menopausa estabelecida.

Por que a depressão na menopausa pode aumentar?

  • Flutuação hormonal: oscilações de estrogênio e progesterona influenciam neurotransmissores ligados ao humor (como serotonina e GABA), o que pode tornar o sistema nervoso mais vulnerável.
  • Sintomas vasomotores e sono: ondas de calor e suores noturnos fragmentam o sono, elevando o estresse e piorando o humor.
  • Contexto de vida: responsabilidades com trabalho, família e finanças, além de mudanças na imagem corporal e na sexualidade, somam-se ao desafio emocional dessa fase.

Importante: muitas mulheres que têm um episódio depressivo no meio da vida já tiveram depressão antes; os sintomas da menopausa podem se sobrepor e agravar o quadro — por isso, avaliação clínica é essencial.

Sinais de alerta: quando buscar ajuda

Procure ajuda imediata se você (ou alguém próximo) estiver com pensamentos de morte, fala sobre “não querer mais viver”, isolamento súbito, ou mudança marcada de comportamento. O Ministério da Saúde lista sinais frequentes e orienta a procurar atendimento sem demora.

Onde buscar ajuda agora (Brasil):

  • CVV – 188 (24h, gratuito: telefone, chat e e-mail).
  • Emergências: 192 (SAMU) para urgências médicas; 190 (Polícia Militar); 193 (Bombeiros/Trauma) — 24h em todo o país.

Suicídio e menopausa: por que precisamos falar sobre isso

Alguns estudos indicam maior prevalência de ideação suicida na perimenopausa em comparação a outras fases; outros, porém, não encontram associação direta — é um campo em evolução e que exige vigilância e cuidado. O recado é claro: converse e peça ajuda ao menor sinal de sofrimento.

Depressão na menopausa: o que ajuda

1) Psicoterapia

  • Terapia cognitivo-comportamental (TCC) e outras abordagens têm eficácia para depressão em adultos. (Diretrizes clínicas gerais para depressão em adultos.)

2) Medicamentos

  • Antidepressivos (ex.: ISRS/ISRN) podem ser indicados por médico/psiquiatra, avaliando histórico e interação com sintomas da menopausa. (Diretrizes para depressão em adultos.)

3) Terapia hormonal (TH/MHT)

  • Pode ajudar humor e sono em mulheres com sintomas vasomotores significativos; porém não é tratamento de primeira linha para depressão maior. Decisão deve ser individualizada, com ginecologista, considerando riscos/benefícios.

4) Outras opções para sintomas vasomotores

  • Para ondas de calor que pioram o humor/sono, há opções não hormonais com evidência (ex.: paroxetina 7,5 mg; fezolinetant 45 mg nos EUA; outras medicações off-label**). Discussão obrigatória com o médico que acompanha você.

Atenção: não inicie, ajuste ou interrompa medicações por conta própria. Procure seu médico.

Hábitos que fazem diferença

  • Sono: rotina regular, quarto escuro, reduzir cafeína/álcool à noite.
  • Movimento: caminhada, treino de força ou dança 3–5x/sem — melhora humor e sono.
  • Conexão social: rede de apoio protege a saúde mental; combinar conversas semanais com amigas/família ajuda muito.
  • Mindfulness e respiração: úteis para estresse e atenção plena; para ondas de calor, técnicas isoladas de respiração não têm evidência robusta de alívio — alinhe expectativas.

Como apoiar alguém com depressão na menopausa

  • Acolha sem julgar. Frases como “estou aqui com você” ajudam mais do que conselhos rápidos.
  • Pergunte com delicadeza sobre pensamentos de morte. Falar reduz risco, não o aumenta.
  • Ajude nos próximos passos: oferecer carona à consulta, acompanhar ao posto/UPA, ligar 188 junto.
  • Emergência é emergência: risco imediato? Acione 192 (SAMU) ou procure pronto-atendimento.

Perguntas frequentes

Depressão na menopausa passa sozinha?

ode melhorar quando os sintomas da transição estabilizam, mas não conte com isso — quanto antes tratar, melhor a recuperação e menor o impacto no trabalho, nas relações e na saúde geral

Preciso escolher entre antidepressivo e terapia hormonal?

Não necessariamente. Planos combinados (ex.: TCC + medicamento, com ou sem TH) são comuns; o médico ginecologista e o psiquiatra/psicólogo definem com você o melhor caminho.


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