Infecção urinária na menopausa: como prevenir

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Infecção urinária na menopausa e bactérias em cultura de laboratório

A menopausa traz muitas mudanças — e, para muitas mulheres, a infecção urinária na menopausa vira um visitante indesejado que insiste em voltar. Se esse é o seu caso, respire: há explicações e, principalmente, caminhos eficazes para prevenir as recorrências com segurança.

Neste guia acolhedor e prático, reunimos o que a ciência aponta sobre infecção urinária na menopausa, do papel dos hormônios à microbiota vaginal e aos hábitos que, de fato, funcionam no dia a dia.


O que é infecção urinária na menopausa

“Infecção urinária” é um termo guarda‑chuva que inclui:

  • Cistite: infecção da bexiga (quadro mais comum, ardor ao urinar, urgência, aumento da frequência, desconforto pélvico, urina turva ou com odor).
  • Pielonefrite: infecção nos rins (dor lombar, febre, calafrios, mal‑estar). É mais grave e exige atendimento médico imediato.

Na infecção urinária na menopausa, o culpado mais frequente é a bactéria Escherichia coli (E. coli), que vive no intestino e pode migrar para a uretra e a bexiga. Mudanças hormonais e anatômicas após os 40–50 anos facilitam esse caminho — veremos como a seguir.


Infecção urinária na menopausa: por que o risco aumenta

Estrogênio, mucosa e microbiota vaginal

Com a queda do estrogênio, a mucosa vaginal e uretral fica mais fina, seca e menos elástica. O pH sobe (fica menos ácido), os Lactobacillus — bactérias “do bem” — diminuem, e isso abre espaço para microrganismos oportunistas. Esse encadeamento eleva o risco de infecção urinária na menopausa e de recorrências.

Bexiga, assoalho pélvico e esvaziamento incompleto

Alterações do assoalho pélvico, prolapsos leves e contrações menos eficientes podem levar a esvaziamento incompleto da bexiga. Quanto mais urina residual, maior a chance de as bactérias se multiplicarem.

Fatores de estilo de vida e comportamentais

Baixa ingestão de água, longos intervalos sem urinar, constipação, fricção local (roupas muito justas), uso de produtos íntimos irritantes, relações sexuais sem lubrificação adequada e algumas comorbidades (como diabetes) também entram na equação.


Prevenção da infecção urinária na menopausa: o que funciona

Quando considerar estrogênio vaginal (e quando não)

Para muitas mulheres, especialmente as com vaginite atrófica (secura, ardor, dor ou coceira), estrogênio vaginal de baixa dose (cremes, comprimidos ou anel) pode restaurar o pH, aumentar Lactobacillus e reduzir recorrências de infecção urinária na menopausa. É um tratamento local, com absorção sistêmica mínima, que deve ser prescrito e acompanhado por ginecologista.

  • História de câncer de mama: a decisão é individualizada. Mulheres com câncer de mama sensível a hormônio devem discutir riscos/benefícios com sua equipe de oncologia e ginecologia antes de qualquer uso, priorizando alternativas não hormonais quando indicado.
  • Terapia hormonal sistêmica: não é indicada apenas para prevenir ITU recorrente.

Hábitos que ajudam (e cabem na rotina)

  • Beba água ao longo do dia (urina amarelo‑clara é um bom guia prático). Não precisa “enxurradas”; constância importa.
  • Vá ao banheiro sem segurar por horas e urine após relações sexuais.
  • Capriche na lubrificação nas relações (lubrificantes à base de água ou silicone, sem perfume, compatíveis com preservativo).
  • Cuide do intestino (fibras, frutas, legumes, atividade física, rotina do banheiro) para reduzir contaminação cruzada.
  • Higiene íntima gentil: água morna + sabonete suave (pH fisiológico) na vulva; evite duchas internas, desodorantes íntimos e vaporização vaginal.
  • Roupas íntimas respiráveis (algodão) e evite peças muito justas por horas.
  • Gerencie o açúcar no sangue (se você tem pré‑diabetes/diabetes, acompanhamento é crucial).

Probióticos, cranberry e D‑manose: o que sabemos

  • Probióticos vaginais/orais: evidências promissoras para restabelecer Lactobacillus e reduzir episódios, mas os resultados variam conforme cepas e formulações. Podem ser parte da estratégia, especialmente combinados a estrogênio vaginal quando indicado.
  • Cranberry (oxicoco): uso via oral de extratos padronizados com proantocianidinas (PACs) podem reduzir a adesão bacteriana e prevenir recorrências em alguns casos.
  • D‑manose: uso via oral (pó/cápsulas). Açúcar simples que pode bloquear a aderência de certas E. coli ao urotélio; não existe forma intravaginal e não trata infecção ativa. A evidência é mista e sem benefícios consistentes; converse com sua médica antes de usar.
  • Metenamina (hipurato de metenamina): alternativa não antibiótica de uso médico para prevenção em ITU recorrente, especialmente quando antibióticos não são desejáveis. Exige avaliação profissional.

Relações sexuais e prevenção sem tabu

  • Urine após a relação e higienize gentilmente a região.
  • Evite espermicidas (podem alterar a microbiota) e observe se determinados produtos/lubri cantes irritam — teste versões sem fragrância e hipoalergênicas.
  • Se você sente dor na relação (dispareunia), converse com sua gineco; tratar a atrofia vaginal e/ou buscar fisioterapia pélvica pode reduzir microtraumas que facilitam ITU.

🎧 Assista também: PodKefi 15 | Fisioterapia Pélvica: Saúde, Sexualidade e Autoestima para Mulheres 40+. Conversamos sobre como a fisioterapia pélvica pode aliviar dor na relação, melhorar a lubrificação e prevenir microtraumas que favorecem infecções. Disponível no YouTube e nos tocadores de áudio do PodKefi.


Tratamento da infecção urinária na menopausa e sinais de alerta

Quando procurar atendimento

Procure seu serviço de saúde se houver febre, dor lombar, sangue na urina, náusea/vômito, dor intensa, fraqueza importante ou se os sintomas não melhoram em 48 horas. Esses são sinais de possível pielonefrite ou complicações.

O que é ITU recorrente e como manejar

Define‑se ITU recorrente quando ocorrem ≥2 episódios em 6 meses ou ≥3 em 12 meses. O manejo é individualizado e pode incluir:

  • Profilaxia pós‑coito (quando as infecções se relacionam a relações sexuais).
  • Profilaxia contínua por tempo limitado em casos selecionados.
  • Estrogênio vaginal e/ou estratégias não antibióticas (probióticos, metenamina) conforme avaliação.

Dúvidas frequentes sobre infecção urinária na menopausa

1) Urina com odor forte ou turva sempre é infecção?
Não necessariamente. Hidratação, dieta e vitaminas podem alterar odor e cor. O conjunto de sintomas urinários é que orienta.

2) Bacteriúria assintomática precisa de antibiótico?
Em geral, não em mulheres não grávidas. Tratar sem sintomas pode trazer mais malefícios que benefícios. Exceções são raras e avaliadas caso a caso.

3) Água com bicarbonato ou “receitas da internet” ajudam?
Não há evidência para essas práticas. Invista em hábitos comprovados e na orientação profissional.

4) Terapia hormonal sistêmica previne infecção urinária?
Não é indicada apenas para esse fim. O estrogênio vaginal de baixa dose tem melhor relação benefício/risco para a prevenção local quando indicado.

5) Posso treinar a bexiga a “aguentar mais”?
Não é necessário segurar a urina por longos períodos. Esvaziar a bexiga em intervalos regulares protege o trato urinário.


Leia também


Prevenção da infecção urinária na menopausa com informação e acolhimento

A infecção urinária na menopausa tem múltiplas causas, mas também múltiplas portas de saída: hábitos simples, cuidado com a microbiota, atenção ao assoalho pélvico e, quando indicado, estrogênio vaginal e outras estratégias prescritas. Informação certa no momento certo reduz recorrências e devolve tranquilidade ao seu dia a dia.

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