É possível engravidar na menopausa? Entenda os riscos

0Shares
Mulher grávida posando ao ar livre; discussão sobre engravidar na menopausa e quando isso só é possível com FIV óvulos doados.

Sentir dúvidas sobre engravidar na menopausa é mais comum do que parece. Afinal, o corpo muda, a menstruação falha e surgem muitas perguntas: ainda posso ovular? Preciso manter anticoncepcional? Existe alguma forma segura de gestação depois dos 45?

Neste artigo, vamos esclarecer a diferença entre perimenopausa e menopausa, explicar quando há risco real de gravidez, o que a ciência diz sobre reprodução assistida após a menopausa e quais são as recomendações de segurança e autocuidado.


O que é menopausa e o que é perimenopausa

  • Menopausa é um marco clínico: 12 meses consecutivos sem menstruar, resultado do fim da ovulação. Sem ovulação, não há gestação natural.
  • Perimenopausa é a fase de transição, que pode durar anos, com ciclos irregulares, oscilações hormonais e, às vezes, ovulação. É por isso que a gravidez ainda pode acontecer nessa etapa.
  • Por linguagem popular, muita gente chama de “engravidar na menopausa” quando, na verdade, está falando da perimenopausa.

É possível engravidar na menopausa de forma natural?

De forma natural, não. Ao cumprir 12 meses completos sem menstruar (menopausa), a ovulação cessa e a concepção espontânea deixa de ocorrer.
Casos “milagrosos” que circulam em redes sociais geralmente são perimenopausa confundida com menopausa, erros de cálculo do tempo sem menstruar ou, ainda, gravidez viabilizada por reprodução assistida.

Em resumo: a possibilidade natural de engravidar existe na perimenopausa. Após a menopausa, somente com técnicas de reprodução assistida.


Engravidar na menopausa por reprodução assistida

Para mulheres já na menopausa, a gestação só é possível com fertilização in vitro (FIV) usando óvulos doados (porque os próprios óvulos não estão mais disponíveis). Alguns pontos importantes:

  • Como funciona: preparo endometrial com hormônios para receber o embrião, FIV com óvulo de doadora e espermatozoide do parceiro ou de doador.
  • Taxas de sucesso: dependem sobretudo da idade da doadora (qualidade do óvulo). A idade do útero importa para a segurança da gestação, mas o fator crítico de sucesso embriológico é a idade do óvulo.
  • Avaliação pré‑concepcional rigorosa: checagem cardiometabólica (pressão, coração, glicemia, colesterol), risco trombótico, função tireoidiana, saúde óssea, vacinas e saúde mental.
  • Riscos obstétricos aumentados: maior chance de pré‑eclâmpsia, diabetes gestacional, parto prematuro e cesariana. Por isso, o pré‑natal é de alto risco e o plano de cuidado deve ser individualizado.
  • Aspectos éticos e regulatórios: clínicas de reprodução e conselhos médicos costumam adotar critérios de segurança e idade; a decisão é sempre individualizada entre paciente e equipe.

Engravidar na menopausa x perimenopausa: como saber se ainda ovulo?

Na perimenopausa, mesmo com ciclos irregulares, a ovulação pode ocorrer esporadicamente. Sinais e estratégias úteis:

  • Sinais possíveis de ovulação: muco cervical mais elástico (tipo “clara de ovo”), dor pélvica leve no meio do ciclo, aumento discreto de temperatura basal.
  • Testes de farmácia de LH: podem ajudar, mas são menos confiáveis com ciclos irregulares.
  • Exames laboratoriais (FSH/AMH): orientam reserva ovariana, mas não cravam ovulação em tempo real.
  • β‑hCG: diante de atraso menstrual atípico, o teste de gravidez é o exame que tira a dúvida.

TRH (terapia de reposição hormonal) não é anticoncepcional. Ela alivia sintomas (como ondas de calor e insônia), mas não impede ovulação nem gravidez.


Anticoncepção no climatério: por quanto tempo usar

Enquanto houver possibilidade de ovulação (perimenopausa), é recomendado manter um método contraceptivo:

  • Opções seguras após os 40:
    • DIU de cobre (sem hormônios);
    • DIU com levonorgestrel (hormonal, com benefícios para fluxo e cólicas);
    • Progestagênicos em pílulas, implantes ou injetáveis, conforme avaliação médica;
    • Métodos de barreira (camisinha interna/externa) — sempre úteis e essenciais contra ISTs.
  • Combinados estrogênio/progestagênio: podem ser opção selecionada para algumas mulheres, após avaliação de riscos.
  • Até quando manter? Orientações clínicas costumam adotar regra prática:
    • se a mulher tem 50 anos ou mais, manter o método por 12 meses após a última menstruação;
    • se tem menos de 50, manter por 24 meses, pela maior chance de retorno do ciclo.
  • Uso de DIU e confirmação de menopausa: para quem usa DIU hormonal e não menstrua, o diagnóstico de menopausa pode exigir avaliação clínica e exames, não apenas a ausência de sangramento.

Dica de segurança: preservativo é sempre uma boa ideia, inclusive para dupla proteção (gravidez + ISTs).


Gravidez tardia: riscos e cuidados

A gestação depois dos 40 (e especialmente após os 45) merece monitoramento cuidadoso:

  • Riscos maternos: hipertensão, pré‑eclâmpsia, diabetes gestacional, trombose, maior necessidade de cesariana.
  • Riscos fetais: restrição de crescimento, prematuridade, maior necessidade de UTI neonatal.
  • Cuidados essenciais: pré‑natal em serviço com experiência em alto risco, nutrição equilibrada, atividade física segura, acompanhamento de saúde mental, sono adequado e suporte social.

Mitos sobre engravidar na menopausa

  • “TRH engravida ou evita gravidez.” Mito duplo: TRH não causa gravidez e não é método contraceptivo.
  • “Parei de menstruar, logo não preciso de método.” Cuidado: isso vale só após a menopausa (12 meses sem menstruar). Na perimenopausa, ainda pode haver ovulação.
  • “Os ovários podem ‘acordar’ anos depois da menopausa.” Não. Sem ovulação, não há concepção natural.

Autocuidado e qualidade de vida no climatério

Mesmo que a gestação não seja um plano, cuidar do corpo faz toda a diferença nessa fase:

  • Priorize sono consistente e estratégias para reduzir despertares noturnos;
  • Invista em alimentação rica em proteínas, fibras, cálcio e vitamina D;
  • Faça treino de força 2–3x/semana e atividade aeróbica regular;
  • Cultive rede de apoio e cuide da saúde mental;
  • Acompanhe check‑ups anuais (pressão, glicemia, colesterol, tireoide, mamas, colo do útero conforme protocolos).

Os suplementos Balance (para ondas de calor e bem‑estar no dia a dia) e Sleepy (apoio ao sono), da Kefi, podem ajudar no controle de sintomas da transição, favorecendo rotina e qualidade de vida. Eles não afetam fertilidade nem substituem anticoncepcional ou avaliação médica.


Quando procurar ajuda médica

  • Suspeita de gravidez na perimenopausa ou atraso menstrual fora do seu padrão.
  • Planejando gestação após os 45/50+: faça avaliação multiprofissional antes de tentar.
  • Sangramento após a menopausa: procurar atendimento para investigação — não é considerado “normal”.

Perguntas frequentes

É possível engravidar na menopausa sem FIV?

Não. Após 12 meses sem menstruar, a ovulação cessa. A gestação só ocorre com reprodução assistida (FIV com óvulo doado).

TRH impede a ovulação?

Não. TRH alivia sintomas, mas não é método contraceptivo.

Uso DIU hormonal e não menstruo. Como confirmar a menopausa?

A confirmação pode exigir avaliação clínica e, às vezes, exames (por exemplo, FSH), porque o DIU pode reduzir ou suspender o sangramento.

Até quando usar anticoncepcional após os 45?

Depende da idade e do seu padrão de ciclos. Regras práticas comuns: 12 meses após a última menstruação se ≥50 anos; 24 meses se <50. Confirme com sua médica(o).


Leia também

Gostou do conteúdo? Assine a nossa newsletter para receber orientações práticas e novidades toda semana.

Ouça também: PodKefi 19 | Por que é mais difícil emagrecer na menopausa?. Neste episódio do PodKefi, recebemos a nutricionista Keitey Polato para uma conversa fundamental sobre os desafios do emagrecimento na perimenopausa e menopausa.

      0Shares

      Deixe seu comentário

      O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *