Durante a menopausa e o climatério, muitas mulheres percebem mudanças no corpo que podem gerar dúvidas e inseguranças. Entre elas, está o corrimento na menopausa, um sintoma que, embora comum, nem sempre recebe a atenção necessária. Afinal, o que é considerado normal nessa fase da vida? E quando o corrimento pode indicar algum problema de saúde?
Neste artigo, vamos abordar de forma acolhedora, clara e com base científica as principais causas, sinais de alerta e formas de cuidado com a saúde íntima na menopausa.
O que é o corrimento vaginal?
Corrimento vaginal é o nome popular dado à secreção produzida naturalmente pela mucosa da vagina e do colo do útero. Essa secreção cumpre um papel importante na lubrificação, limpeza e equilíbrio da flora vaginal.
Durante a fase reprodutiva, é normal que o corrimento varie de aspecto ao longo do ciclo menstrual, sendo mais abundante e transparente no período fértil. Já na menopausa, com a queda dos níveis de estrogênio, essa secreção tende a diminuir.
Corrimento na menopausa: o que é considerado normal?
Na menopausa, é comum que a vagina se torne mais seca, mas isso não significa que toda secreção seja anormal. Um leve corrimento, geralmente claro ou branco, sem odor fétido ou sintomas associados, pode ser fisiológico.
Esse tipo de secreção pode ser resultado de:
- Uso de lubrificantes íntimos ou hidratantes vaginais
- Estimulação sexual
- Adaptação à terapia hormonal
Contudo, qualquer alteração na cor, cheiro ou consistência da secreção deve ser observada com atenção.
Quando o corrimento na menopausa merece atenção?
Segundo estudos como o da Vanishree Rao e Tahir Mahmood (2019) e dados do estudo longitudinal SWAN (Waetjen et al., 2018), o corrimento pode ser um sinal de alterações hormonais, infecções, inflamações ou condições mais sérias.
Fique atenta se o corrimento for acompanhado de:
- Odor fétido ou “cheiro de peixe”
- Cor amarelada, esverdeada ou acinzentada
- Presença de sangue fora do ciclo ou após a menopausa
- Coceira, ardência ou dor na relação sexual
- Dor pélvica ou ao urinar
Esses sinais podem estar relacionados a:
- Vaginose bacteriana
- Candidíase vaginal
- Tricomoníase (IST)
- Vaginite atrófica (comum na menopausa)
- Cervicite ou outras infecções ginecológicas
- Lesões no colo do útero ou tumores ginecológicos
Corrimento na menopausa e a vaginite atrófica
A vaginite atrófica é uma condição inflamatória comum na menopausa, causada pela queda nos níveis de estrogênio. Essa redução leva ao afinamento do epitélio vaginal, diminuição da lubrificação natural e alteração da flora.
Sintomas:
- Corrimento ralo ou amarelado
- Sensibilidade e secura vaginal
- Coceira ou queimação
- Dor na relação sexual
Segundo o artigo Connecting microbiome and menopause (Łaniewski et al., 2022), essa condição está associada à perda de Lactobacillus na flora vaginal e aumento de pH, favorecendo infecções e inflamações.
Diagnóstico: como diferenciar os tipos de corrimento
O diagnóstico correto envolve:
- Avaliação clínica e ginecológica
- Análise do pH vaginal
- Exame especular e coleta de secreção
- Cultura microbiológica (quando necessário)
- Rastreio de ISTs
Importante: Evite a automedicação ou o uso de produtos intravaginais sem orientação. Isso pode mascarar sintomas e dificultar o diagnóstico.
Como cuidar da saúde íntima na menopausa
- Evite duchas vaginais e sabonetes agressivos
- Use roupas íntimas de algodão e evite tecidos sintéticos
- Hidratantes e lubrificantes vaginais são aliados importantes
- Consulte o ginecologista regularmente, mesmo após o fim da menstruação
- Em alguns casos, o uso de terapia hormonal local pode ser indicado
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O papel da microbiota vaginal
Durante a menopausa, a diminuição do estrogênio reduz o acúmulo de glicogênio no epitelio vaginal, o que impacta negativamente a população de Lactobacillus. Com isso, o ambiente vaginal se torna menos ácido e mais suscetível a infecções como vaginose bacteriana ou candidíase.
Restaurar esse equilíbrio, seja com tratamento local, boas práticas de higiene ou mesmo suporte via microbiota intestinal (eixo intestino-vagina), pode ajudar a manter a saúde ginecológica.
Quando procurar ajuda?
Sempre que o corrimento causar desconforto, estiver acompanhado de sintomas ou gerar dúvidas, procure um(a) ginecologista. O acompanhamento regular é essencial para prevenir complicações e garantir qualidade de vida.
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Conclusão
Corrimento na menopausa não é sinônimo de problema, mas também não deve ser ignorado. Observar o corpo com atenção, buscar informação de qualidade e contar com acompanhamento especializado são passos importantes para atravessar essa fase com tranquilidade e autonomia.
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