Olho seco na menopausa: por que acontece e como aliviar

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Close-up de olho castanho com cílios em foco, ilustrando olho seco na menopausa e ressecamento da superfície ocular.

Sentir ardor, sensação de areia nos olhos e visão oscilando ao longo do dia não é “frescura”. O olho seco na menopausa é comum, pouco falado e pode atrapalhar desde a leitura até o sono. A boa notícia: há medidas simples — e tratamentos eficazes — para recuperar o conforto visual.

Neste guia, explicamos por que isso acontece, quais fatores pioram o quadro e o que realmente ajuda, do autocuidado aos recursos médicos. Tudo em linguagem clara, sem promessas milagrosas.


O que é a síndrome do olho seco?

A síndrome do olho seco ocorre quando a lágrima é insuficiente ou evapora rápido demais. O filme lacrimal tem três camadas: mucosa (faz a lágrima “grudar” no olho), aquosa (hidrata) e lipídica (óleo, que impede a evaporação). Quando qualquer uma falha, surgem sintomas como ardor, coceira leve, visão embaçada que melhora ao piscar e até lacrimejamento reflexo.

Há dois tipos principais (que podem coexistir):

  • Aqueodeficiência: produção reduzida de lágrima.
  • Evaporativa: qualidade ruim da camada lipídica, geralmente por disfunção das glândulas meibomianas.

Olho seco na menopausa: por que acontece?

As oscilações de estrogênio e andrógenos na transição menopausal interferem nas glândulas lacrimais e meibomianas (as que produzem o “óleo” das pálpebras). Resultado: lágrima menos estável e evaporação acelerada.

Além disso, alterações inflamatórias discretas da superfície ocular, noites mal dormidas e estresse — comuns nessa fase — também pioram a percepção de ressecamento.

Fatores hormonais em detalhe

  • Andrógenos: ajudam a manter a qualidade do óleo meibomiano. Sua queda pode favorecer tampões e “sequinhos” nos orifícios das glândulas.
  • Estrogênio: flutuações alteram a homeostase da superfície ocular e do filme lacrimal, aumentando a instabilidade.
  • Inflamação de baixa intensidade: contribui para ardor, hiperemia leve e oscilação visual.

Sinais e sintomas do olho seco na menopausa

  • Ardor, formigamento ou sensação de areia.
  • Visão embaçada que melhora ao piscar.
  • Olhos “pesados”, cansaço visual, dor leve à luz.
  • Lacrimejamento excessivo em ambientes secos (paradoxal, mas comum).
  • Piora com telas, ar‑condicionado, vento e maquiagem na linha d’água.

Dica: observe em quais horários piora (manhã, fim da tarde) e leve essa informação à consulta.


Gatilhos que pioram o olho seco na menopausa

  • Telas por longos períodos (piscar reduz ~50%).
  • Ar‑condicionado e ambientes muito secos (umidade relativa < 40%).
  • Vento, fumaça, poeira e uso de ventilador direto no rosto.
  • Lentes de contato mal adaptadas ou por muitas horas.
  • Maquiagem na linha d’água e demaquilação agressiva.
  • Medicamentos frequentes após os 40+ (anti‑histamínicos, alguns antidepressivos, diuréticos e anticolinérgicos) — converse com seu médico.
  • Hidratação baixa e alimentação pobre em gorduras boas.

Como aliviar o olho seco na menopausa no dia a dia

1) Regra 20‑20‑20 para telas

A cada 20 minutos, olhe por 20 segundos para algo a ~6 metros. Aproveite para piscar conscientemente 5–10 vezes.

2) Ajustes no ambiente

  • Use umidificador para manter a umidade entre 40% e 60%.
  • Evite vento direto no rosto; ajuste a posição do ventilador/ar.
  • Prefira óculos com proteção lateral ao caminhar em dias ventosos.

3) Higiene palpebral e compressas mornas

As glândulas meibomianas podem “entupir”. O cuidado diário ajuda a desobstruí‑las:

  1. Compressa morna: pano limpo ou máscara térmica a 37–40 °C sobre os olhos fechados por 5–10 minutos.
  2. Massagem suave: com as pálpebras fechadas, deslize o dedo indicador da raiz dos cílios para baixo (pálpebra superior) e para cima (pálpebra inferior), 5–10 vezes.
  3. Higiene dos cílios: limpe a base dos cílios com solução própria ou espuma neutra para pálpebras, sem esfregar.

4) Colírios lubrificantes (lágrimas artificiais)

  • Procure sem vasoconstritor (os “branqueadores” podem piorar o ressecamento).
  • Formas sem conservantes são preferíveis para uso frequente.
  • De dia, opte por soluções; à noite, géis ou pomadas podem durar mais.

5) Rotina de manhã e noite

  • Manhã: compressa + higiene + colírio leve antes de telas.
  • Noite: compressa curta + gel/ pomada se necessário, sobretudo se acorda com os olhos colando.

Tratamentos médicos para olho seco na menopausa

Quando o desconforto persiste, procure um(a) oftalmologista. Entre as opções, individualizadas pelo especialista:

  • Lágrimas artificiais de alta viscosidade e géis/ pomadas noturnas.
  • Tampões de ponto lacrimal (reduzem a drenagem da lágrima).
  • Anti‑inflamatórios tópicos e/ou imunomoduladores sob prescrição.
  • Terapias de glândulas meibomianas: calor controlado, luz pulsada intensa (IPL) e limpeza em consultório.

Segurança: evite automedicação com colírios “descongestionantes”. Eles mascaram a vermelhidão e podem causar efeito rebote.


Alimentação e suplementos: o que a ciência diz

  • Hidratação: água ao longo do dia (oriente‑se por sede, cor da urina e rotina).
  • Gorduras boas: inclua peixes gordurosos (sardinha, atum), sementes (linhaça, chia) e nozes — aliados à qualidade da camada lipídica do filme lacrimal.
  • Ômega‑3: há evidências de benefício para alguns perfis de olho seco, principalmente evaporativo. Discuta dose e segurança com profissional de saúde, especialmente se usa anticoagulantes ou tem condições específicas.

Olho seco, menopausa e outras condições

Algumas situações podem coexistir e precisam de abordagem própria:

  • Blefarite e rosácea ocular: inflamação das bordas palpebrais; higiene consistente é chave.
  • Alergias oculares: ardor/ coceira com sazonalidade; tratamento difere do olho seco.
  • Hipotireoidismo e doenças autoimunes (ex.: síndrome de Sjögren): fique atenta se houver boca seca intensa, fadiga marcante e dor articular.
  • Lentes de contato: converse sobre materiais com maior lubrificação ou uso intercalado com óculos.

Quando procurar ajuda

  • Dor forte, piora súbita da visão, secreção espessa.
  • Vermelhidão que não melhora ou fotofobia intensa.
  • Sintomas persistentes apesar do autocuidado por 2–4 semanas.
  • Pós‑cirurgia ocular ou uso recente de colírios prescritos por outra condição.

Faça check‑ups regulares após os 40+: a avaliação ocular preventiva detecta cedo alterações da superfície ocular e do fundo de olho.


Perguntas frequentes sobre olho seco na menopausa

Posso usar maquiagem?

Pode, mas evite a linha d’água e retire com produto específico, sem esfregar. Prefira máscaras não à prova d’água no dia a dia.

Acordo com os olhos colando; é normal?

Pode indicar evaporação noturna elevada; tente gel/ pomada antes de dormir e compressa breve ao acordar.

Qual a diferença entre olho seco e alergia?

Alergia coça mais e é sazonal; olho seco arde e oscila ao longo do dia. Muitas vezes, ambos coexistem.

Posso continuar com lentes?

Em geral, sim, com ajuste de material, tempo de uso e lubrificação indicados pelo especialista.


Checklist para levar à consulta

  • Horários e atividades em que piora (telas, vento, leitura).
  • Colírios testados, frequência e efeito percebido.
  • Uso de lentes, maquiagem na linha d’água e rotina de higiene palpebral.
  • Ambiente de trabalho (ar‑condicionado, umidade) e qualidade do sono.
  • Lista de medicamentos em uso.

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