Falar sobre sexo na menopausa ainda é um tabu para muitas mulheres. Mas, cada vez mais, a ciência mostra que a intimidade pode ser uma grande aliada para reduzir desconfortos típicos dessa fase, como secura vaginal, irritação e dor durante a relação. Um novo estudo da Menopause Society, divulgado em junho de 2025, reforça que manter uma vida sexual ativa pode ser um “remédio natural” para a saúde íntima e o bem-estar emocional.
Neste artigo, vamos entender o que a pesquisa descobriu, por que o sexo na menopausa faz diferença para o corpo e a mente, e ainda trazer dicas práticas para melhorar sua sexualidade, com ou sem parceiro(a). Afinal, prazer é autocuidado — em qualquer idade.
O que diz o estudo sobre sexo na menopausa?
A pesquisa publicada na revista científica Menopause acompanhou 900 mulheres entre 40 e 79 anos. O objetivo foi investigar se manter atividade sexual regular poderia impactar sintomas como dor, secura e irritação vaginal, comuns na chamada síndrome geniturinária da menopausa (GSM).
Principais achados:
- Mulheres que mantiveram relações sexuais nos últimos 3 meses relataram menos dor vulvar, menos secura e menos irritação.
- O desejo e a lubrificação diminuem com a idade, mas orgasmo e satisfação sexual permanecem estáveis.
- Apenas 2,9% das participantes usavam terapia hormonal local, mostrando que a maioria ainda enfrenta esses sintomas sem tratamento.
“Os resultados destacam como é importante diagnosticar e tratar a GSM. A atividade sexual regular pode ajudar, mas tratamento deve ser oferecido a todas, independentemente de serem sexualmente ativas”, explica a Dra. Monica Christmas, da Menopause Society.
Por que o sexo ajuda na saúde íntima?
Com a queda do estrogênio, o corpo feminino passa por mudanças que afetam diretamente a região genital. A secura vaginal, o afinamento dos tecidos e a menor circulação sanguínea podem tornar o sexo desconfortável ou doloroso — o que faz muitas mulheres evitarem a intimidade.
No entanto, segundo o estudo, manter a prática sexual estimula a lubrificação natural, melhora a vascularização e preserva a elasticidade dos tecidos. O toque, a excitação e o orgasmo também favorecem a liberação de hormônios que impactam positivamente o humor e a sensação de prazer.
Em outras palavras: o sexo na menopausa não é só questão de desejo, mas de saúde íntima e qualidade de vida.
Síndrome geniturinária da menopausa: o que é?
Você já ouviu falar nesse nome? A síndrome geniturinária da menopausa (GSM) é o termo usado para descrever os sintomas relacionados à queda de estrogênio nessa fase. Ela engloba:
- Secura vaginal;
- Coceira e irritação na vulva;
- Dor durante a relação sexual;
- Infecções urinárias recorrentes;
- Incontinência urinária.
Esses sintomas podem afetar não só a vida sexual, mas também o bem-estar emocional e a autoestima.
Importante: Mesmo mulheres que não estão em um relacionamento devem receber diagnóstico e tratamento, caso apresentem sinais de GSM. Terapias locais, como cremes de estrogênio de baixa dose, são seguras e eficazes.
Sexo na menopausa é possível: mas precisa ser prazeroso
Apesar das mudanças hormonais, o potencial de prazer não desaparece com a idade. Segundo o estudo da Menopause Society, a satisfação e o orgasmo não diminuem significativamente, mesmo que o desejo flutue.
Isso significa que é possível (e saudável) manter a intimidade, desde que ela seja livre de dor e desconforto. Para isso, além da prática sexual regular, é fundamental investir em comunicação, autoconhecimento e cuidados com a saúde vaginal.
A seguir, confira dicas práticas para viver sua sexualidade de forma mais plena na menopausa.
7 dicas práticas para melhorar o sexo na menopausa
1. Fale sobre o assunto
Muitas mulheres sentem vergonha ou medo de conversar com o parceiro(a) sobre mudanças no desejo, na lubrificação ou no prazer. Mas o diálogo é essencial para alinhar expectativas, explorar novas formas de intimidade e pedir ajuda quando for preciso.
2. Use lubrificantes e hidratantes íntimos
Os lubrificantes à base de água são grandes aliados para evitar atrito e dor. Já os hidratantes vaginais ajudam a melhorar a umidade natural da mucosa ao longo do tempo. Consulte seu ginecologista para escolher o produto ideal.
3. Considere a terapia hormonal local
Se os sintomas forem intensos, converse com seu médico sobre a possibilidade de usar estrogênio vaginal de baixa dose. É uma opção segura e eficaz para aliviar secura e dor, inclusive para mulheres que não desejam ou não podem usar terapia hormonal sistêmica.
4. Explore novas formas de prazer
Sexo na menopausa pode (e deve) ir além da penetração. Beijos, carícias, massagens, brinquedos eróticos e fantasias são maneiras de estimular o corpo e redescobrir zonas erógenas. Vale tudo o que trouxer conexão e bem-estar.
5. Invista em exercícios para o assoalho pélvico
Exercícios de Kegel fortalecem os músculos da região íntima, melhoram a lubrificação e facilitam o orgasmo. Procure um fisioterapeuta especializado para aprender a técnica correta.
6. Cuide do corpo e da mente
Práticas como atividade física regular, alimentação equilibrada, sono de qualidade e redução do estresse também impactam diretamente na libido. O desejo sexual é multifatorial: hormônios, mente e emoções caminham juntos.
7. Valorize o autocuidado e o autoconhecimento
Descobrir o que te dá prazer é um presente para si mesma. A masturbação é uma forma saudável de manter a região íntima ativa e de conhecer melhor o próprio corpo.
Quando procurar ajuda?
Nem sempre mudanças simples resolvem tudo. Se a dor, a secura ou a insatisfação persistirem, procure um ginecologista de confiança. O tratamento pode incluir medicamentos, terapia local de estrogênio ou encaminhamento para fisioterapia pélvica.
Lembre-se: você não precisa sofrer em silêncio. Informação, diálogo e cuidado especializado fazem toda a diferença.
Sexo na menopausa: prazer também é autocuidado
O sexo na menopausa não deve ser visto como uma obrigação, mas como parte de um estilo de vida que valoriza conexão, bem-estar e prazer. Se a intimidade fizer sentido para você, mantenha o hábito com leveza, respeitando o ritmo do seu corpo e suas vontades.
A pesquisa da Menopause Society é mais uma prova de que o prazer pode ser um poderoso aliado para a saúde física e emocional. Converse com seu parceiro(a), procure ajuda profissional quando necessário e, acima de tudo, permita-se viver essa fase sem culpa ou tabu.
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Fonte: Menopause Society. Cross-sectional study of the association between regular sexual activity and sexual function and genitourinary syndrome of menopause-related symptoms. 2025.