Saúde mental na menopausa: o que é comum e o que preocupa

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Mulher de 50 anos sorrindo serenamente com os olhos fechados durante prática de meditação, simbolizando autocuidado e saúde mental na menopausa.

A transição para a menopausa pode mexer não só com o corpo, mas também com as emoções e a atenção do dia a dia. Falar de saúde mental na menopausa é falar de acolhimento, ciência e escolhas que devolvem controle e bem‑estar. Neste guia, reunimos o que a pesquisa mais recente mostra sobre sintomas, riscos e tratamentos — e como você pode agir já.

Antes de tudo: você não está sozinha. Alterações de humor, ansiedade, oscilação de energia e a famosa “névoa mental” aparecem em muitas mulheres nesse período. A boa notícia é que há caminhos eficazes para aliviar os sintomas e cuidar da saúde mental na menopausa com segurança.


O que muda no cérebro e na saúde mental na menopausa

Durante a transição menopausal, a queda e a flutuação do estrogênio podem impactar sistemas de neurotransmissores ligados ao humor (serotonina, dopamina e GABA), além do eixo do estresse (HPA). Isso ajuda a explicar por que algumas mulheres vivenciam irritabilidade, ansiedade, tristeza, labilidade emocional, dificuldade de foco e alterações do sono.

Ponto importante: queixas cognitivas como lapsos de memória ou atenção são frequentes, mas os estudos mostram que quedas objetivas e sustentadas no desempenho cognitivo não são a regra. Quando presentes, tendem a ser discretas e transitórias, mais visíveis em memória verbal e velocidade de processamento, especialmente no primeiro ano após a última menstruação.


Ansiedade e depressão na menopausa: quando acender o alerta

Vulnerabilidade emocional pode aumentar na perimenopausa, especialmente em quem já teve histórico de transtorno de humor, passa por estressores intensos, dorme mal ou vivencia menopausa precoce. Procure avaliação profissional se observar:

  • Humor deprimido ou ansiedade na maior parte dos dias por ≥2 semanas;
  • Perda de interesse/prazer, alterações importantes de apetite e sono;
  • Dificuldade de funcionar no trabalho/família;
  • Pensamentos de autolesão (procure ajuda imediata – CVV 188, 24h, Brasil).

Lembrete: tratar fogachos e dormir melhor costuma reduzir sintomas ansiosos e depressivos.


Névoa mental e memória: saúde mental na menopausa e cognição

“Esqueci o nome… onde deixei as chaves?” A névoa mental descreve lapsos de atenção e memória de curto prazo. Evidências sugerem que:

  • As queixas são comuns e válidas, não “frescura”.
  • O desempenho em testes formais costuma estabilizar após a transição.
  • Menopausa cirúrgica (ooforectomia/histerectomia antes dos 45) e insuficiência ovariana prematura elevam o risco de pior desempenho cognitivo futuro, especialmente sem terapia hormonal (TH) até a idade natural da menopausa — tema que requer discussão individualizada com a médica(o).

Sinais de investigação: lapsos que progridem, desorientação espacial, dificuldade para executar tarefas habituais, alteração de linguagem ou julgamento. Nesses casos, procure avaliação especializada.


Sono, fogachos e saúde mental na menopausa: efeito dominó

Calorões e suores noturnos fragmentam o sono. Em cascata, o sono ruim amplifica ansiedade, oscilações de humor e lapsos de memória. Estratégias que melhoram vasomotores (fogachos) e higiene do sono costumam repercutir diretamente na saúde mental na menopausa.

Higiene do sono prática:

  • Rotina regular para deitar/levantar; quarto fresco e escuro;
  • Evitar cafeína/álcool à noite; reduzir telas 1–2h antes de dormir;
  • Técnicas de relaxamento (respiração 4‑7‑8, relaxamento muscular progressivo);
  • Exposição matinal à luz natural e atividade física diurna.

Tratamentos com evidência para saúde mental na menopausa

Abordagens psicológicas

  • Terapia Cognitivo‑Comportamental (TCC): primeira linha para ansiedade/ depressão leves a moderadas e para manejo de insônia. Pode ser combinada a técnicas de mindfulness/compaixão.

Medicamentos

  • ISRS/ISRN podem ser indicados para transtornos de humor/ansiedade conforme avaliação clínica. Alguns também reduzem fogachos em parte das mulheres.

Terapia hormonal (TH)

  • Eficaz para sintomas vasomotores e, indiretamente, para sono e humor.
  • Benefícios cognitivos sustentados não são conclusivos em mulheres saudáveis.
  • Melhor perfil risco‑benefício quando iniciada próximo à menopausa, na ausência de contraindicações, e por tempo individualizado.
  • Em menopausa precoce/insuficiência ovariana prematura, discutir TH até a idade natural da menopausa é recomendação recorrente.

Estilo de vida

  • Exercício (componente aeróbio + força): melhora humor, sono e função executiva.
  • Alimentação rica em vegetais, fibras, proteínas de qualidade e fontes de ômega‑3; atenção a álcool e ultraprocessados.
  • Gestão de estresse: respiração, meditação guiada, yoga, terapia de compaixão.
  • Conexão social: grupos de apoio e rede de confiança protegem a saúde mental.

Decisão compartilhada: combine preferências pessoais, histórico clínico e evidências com a sua médica(o). Saúde mental na menopausa pede plano individualizado.


Passos práticos para cuidar da saúde mental na menopausa

  1. Mapeie padrões: anote humor, sono, fogachos, ciclo (se houver) e gatilhos.
  2. Cuide do sono: pequenas mudanças somam; trate fogachos.
  3. Mexa o corpo: 150 min/sem de aeróbio + 2x/sem de força.
  4. Alimente o cérebro: priorize comida de verdade e ômega‑3.
  5. Respire e desacelere: 5 minutos de respiração guiada já ajudam.
  6. Converse: peça apoio, compartilhe com amigas/família e profissionais.
  7. Considere TCC e, se necessário, tratamento medicamentoso/TH com acompanhamento.

Quando procurar ajuda especializada

  • Sintomas moderados a graves por ≥2 semanas ou prejuízo funcional no trabalho/família;
  • Histórico prévio de depressão/ansiedade, TEPT ou uso de substâncias;
  • Menopausa precoce ou menopausa cirúrgica;
  • Dúvida sobre uso de terapia hormonal;
  • Pensamentos de autolesão: procure ajuda imediata (CVV 188 – 24h, Brasil; emergência local).

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